Em uma ida recente à Paris, uma imagem ficou muito forte em minha cabeça. Era uma senhora elegantemente vestida, com uma bota de cano alto e salto, saia midi e echarpe, andando de bicicleta pelas ruas de Saint-Germain-des-Prés.
Essa cena pode ser um tanto incomum no Brasil, mas é recorrente nos países europeus e está começando a ganhar força em terras tupiniquim. Em São Paulo, por exemplo, as iniciativas da prefeitura para estimular a bicicleta como forma de transporte, coincidem com essa tendência, já que o carro não atende mais de forma efetiva para a mobilidade das grandes metrópoles urbanas e deixou de ser objeto de desejo e de status entre os mais jovens.
Conhecido como Cycle Chic, esse lifestyle une moda e ciclismo, reforçando a bicicleta como um meio de locomoção e não apenas para lazer ou fitness. A ideia é pedalar vestido de acordo com seu estilo e personalidade, dispensando as roupas de ginástica.
O Cycle Chic se iniciou em Copenhague, na Dinamarca, retratado nos cliques do fotógrafo Mikael Colville-Andersen, que expõe em seu blog o melhor do street style sobre rodas, como definiu o jornal britânico The Guardian, ao compará-lo com o The Sartorialist.
Em abril de 2008, ele publicou o Cycle Chic Manifesto que explica do que se trata esse movimento:
- Eu escolho pedalar chique em sempre que puder, vou escolher estilo em vez de velocidade.
- Eu assumo minha responsabilidade em contribuir visualmente para uma paisagem urbana esteticamente mais agradável.
- Estou ciente de que minha mera presença na paisagem urbana irá inspirar os outros sem que eu seja rotulado como “cicloativista”.
- Pedalarei com graça, elegância e dignidade.
- Escolherei uma bicicleta que reflita minha personalidade e estilo.
- Irei, contudo, considerar minha bicicleta como um meio de transporte e como um complemento do meu estilo pessoal. Permitir que minha bike chame mais a atenção do que eu é inaceitável.
- Eu irei garantir que o valor total de minhas roupas sempre exceda ao valor de minha bicicleta.
- Colocarei acessórios de acordo com os padrões de uma cultura ciclística e comprarei, quando possível, um protetor de corrente, pedestal, guarda-saia, paralamas, campainha e cesta.
- Respeitarei as leis de tráfego.
- Recusarei usar e possuir qualquer forma de “roupas de ciclismo”.
Para entender um pouco mais desse lifestyle, assista ao vídeo: